O que é o burnout? - Stress e qualidade de vida no trabalho


O burnout no trabalho é uma síndrome psicológica que envolve uma reação prolongada aos estressores interpessoais crônicos. As três principais reações desta reação são uma exaustão avassaladora, sensações de ceticismo e desligamento do trabalho, uma sensação de ineficácia e falta de realização.
A dimensão da exaustão (componente básico individual do stress no burnout) refere-se às sensações de estar além dos limites e exaurido de recursos físicos e emocionais. As principais fontes desta exaustão são a sobrecarga do trabalho e o conflito pessoal no trabalho.
A dimensão do ceticismo (componente do contexto interpessoal no burnout) refere-se a reação negativa, insensível ou excessivamente desligada dos diversos aspectos do trabalho. Ela geralmente se desenvolve em resposta à sobrecarga de exaustão emocional, sendo primeiramente autoprotetora – um amortecedor emocional de “preocupação desligada”. Com o tempo os trabalhadores não estão simplesmente criando um amortecedor e diminuindo a quantidade de trabalho, mas também desenvolvendo uma reação negativa às pessoas e a seu trabalho. Eles continuam fazendo seu trabalho, mas apenas o mínimo necessário, de modo que a qualidade de seu desempenho acaba caindo.
A dimensão da ineficácia (componente de auto-avaliação no burnout) refere-se às sensações de incompetência e a uma falta de realização e produtividade no trabalho. Esta menor sensação de auto-eficácia é exarcerbada por uma falta de recursos no trabalho, bem como uma falta de apoio social e de oportunidade de desenvolvimento profissional.
Ao contrário das reações agudas ao stress, que se desenvolvem em resposta a incidentes críticos específicos, o burnout é uma reação cumulativa a estressores ocupacionais contínuos. É um processo de erosão psicológica e social desta exposição crônica. Por isso tende a ser razoavelmente estável ao longo do tempo.
O problema do burnout surgiu primeiramente em ocupações relacionadas a cuidados pessoais e serviços assistenciais como atendimento a saúde, saúde mental, assistência social, sistema judiciário penal, profissões religiosas, aconselhamento e ensino. Todas essas ocupações tem em comum um foco no fornecimento de auxilio e prestação de serviços a pessoas necessitadas – em outras palavras, o principal no emprego é a relação entre o prestador de serviço e seu receptor – o que exige um nível contínuo e intenso de contato pessoal e emocional. Embora tais relações possam ser recompensadoras e envolventes, elas também podem ser bastante estressantes. Em tais ocupações, as normas prevalentes são ser abnegado e colocar as necessidades dos outros em primeiro lugar; trabalhar muito e fazer o que for necessário para ajudar o cliente ou paciente ou aluno; fazer esforço adicional e dar tudo de si. Além disso, os ambientes organizacionais destes empregos são moldados por vários fatores sociais, políticos e econômicos (como cortes de verbas ou restrições políticas) que resultam em ambientes de trabalho onde o nível de exigência é alto e os recursos escassos.
À medida que outras ocupações tornaram-se mais orientadas para um atendimento ao cliente “personalizado”, o fenômeno do burnout tornou-se relevante também para estes empregos.


O impacto do burnout no emprego
As pesquisas constatam que o stress no trabalho prediz um pior desempenho no emprego, problemas com relacionamentos familiares e problemas de saúde e estudos têm demonstrado achados paralelos no caso do burnout no emprego. Quando os funcionários passam a ter um funcionamento mínimo, padrões mínimos de trabalho e qualidade mínima de produção, ao invés de apresentar seu melhor desempenho, eles cometem mais erros, tornam-se menos meticulosos e têm menos criatividade para a resolução de problemas.
O burnout foi associado a várias formas de reações negativas ao emprego, incluindo insatisfação com o emprego, baixo comprometimento organizacional, absenteísmo, intenção de sair do emprego e rotatividade. As pessoas que sofrem de burnout podem ter um impacto negativo sobre seus colegas, tanto pelo fato de causarem maior conflito pessoal, quanto por atrapalhar as tarefas do trabalho. Portanto, o burnout pode ser “contagioso” e se perpetuar através das interações informais no trabalho.
Quando o burnout atinge o estágio de ceticismo elevado, ele pode resultar em maior absenteísmo e aumento na rotatividade. Os funcionários que sofrem de burnout fazem o mínimo necessário, faltam ao trabalho regularmente, vão embora do trabalho cedo e pedem demissão, e tudo isso ocorre em índices superiores aos de funcionários engajados.
A exaustão tem sido associada a vários sintomas físicos de stress: cefaléia, problemas gastrintestinais, tensão muscular, hipertensão, episódios de resfriado/gripe e problemas do sono.
O burnout também tem sido associado à depressão. Um pressuposto comum é de que o burnout causa disfunção mental, tais como depressão, ansiedade e diminuição da auto-estima. Um argumento alternativo é de que o burnout não é um precursor da depressão, mas uma forma de doença mental. Pesquisas mais recentes sobre esta questão indicam que o burnout pode, de fato, ser distinto da depressão clínica, mas que parece enquadrar-se nos critérios diagnósticos de neurastenia relacionada ao trabalho.

Pesquisas quanto a forma como o burnout afeta a vida doméstica, têm encontrado um efeito de spillover negativo. Os trabalhadores que sofrem de burnout eram avaliados por seus cônjuges de formas mais negativas e eles próprios relatavam que seu trabalho tinha um impacto negativo sobre sua família e que seu casamento era insatisfatório.

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