vivenciar o presente

tinha o hábito de permitir a minha mente divagar livre ora pelo futuro ora pelo passado.
suposições, expectativas, planos, anseios, medos, desejos.. a qualquer momento povoavam a minha mente fazendo eu me desligar do que estivesse a minha volta naquele exato instante.
mas o passado também surgia assim, com saudades, boas lembranças.. lamentações para aqueles pensamentos "podia ter sido diferente!..." mas não foi. e talvez não tenha sido tão ruim assim!
é que o futuro é ilusório, não existe ainda. podemos planejar, planejar, planejar.. nada garante que que o planejado se torne real.
mas também o passado é irreal, quem garante que a impressão que guardei foi a correta? além disso reconstruímos nossas impressões do passado conforme costuramos nossa identidade, auto-conceito, ego, chamem como queiram.
então o que restou foi a mente presente, por vezes viajante sem rumo, em algum lugar entre o futuro e o passado. daí o desafio, centrá-la no omento presente, nas necessidades presentes.
não tem a ver com o espírito bon vivan esquecido do passado por amnésia alcoolica e despreocupado com a ressaca de amanhã!
tem a ver com ter consciencia da minha história e das estórias que eu construiu pra mim, pra entender quem sou HOJE.
ter planos pro futuro, almejar degraus que os olhos já alcancem, pra escolher onde pisar HOJE.

A insustentável leveza do ser - Milan Kundera

“Se cada segundo de nossa vida deve se repetir um número infinito de vezes, estamos pregados na eternidade como Cristo na cruz. Que idéia atroz! No mundo do eterno retorno, cada gesto carrega o peso de uma insustentável leveza. Isso é o que fazia Nietzsche dissesse que a idéia do eterno retorno é o mais pesado dos fardos. Se o eterno é o mais pesado dos fardos, nossas vidas, sobre esse pano de fundo, podem aparecer em toda a sua esplêndida leveza. Mas, na verdade, será atroz o peso e bela a leveza? O mais pesado fardo nos esmaga, nos faz dobrar sob ele, nos esmaga contra o chão. Na poesia amorosa de todos os séculos, porém, a mulher deseja receber o peso do corpo masculino. O fardo mais pesado é, portanto, ao mesmo tempo a imagem da mais intensa realidade vital. Quanto mais pesado o fardo, mais próximo da terra está nossa vida, e mais ela é real e verdadeira. Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes. Estão, o que escolher? O peso ou a leveza?”

idas e vindas


entre araguari e uberlândia tem a paisagem pela qual sou apaixonada desde criança. ok, foi a única que vi repetidas vezes, mas poderia ser indiferente a ela. a pesar de perigosa, quando não está tomada por caminhões a estrada é muito gostosa de fazer, passando pelo cerrado montanhoso do triângulo mineiro. antes das construções das barragens o rio araguari, o famoso 'rio das velhas", formava imensas praias de água doce na seca, uma areia macia cobria rochas negras alisadas pelas águas. podiamos entrar na água em imensas áreas rasas que aos poucos ganhavam profundidade. era muito gostoso! agora é uma imensa represa, um infinito de água. logo na margem metros de profundidade e muito barro. tenho medo só de olhar e imaginar a profundidade. mas araguari tem muitas cachoeiras, das que conheci cada uma mais linda que a outra.
Dori comenta bastante sobre a falta de iniciativa política em se desenvolver ecoturismo nessa região e eu concordo. Primeiro ajudaria a combater os farofeiros que vão pra beira dos rios pra esparramar lixo, fazer fogo, quebrar árvores, pescar fora da época permitida. aumentaria a educação ambiental e a consciencia da necessidade da preservação. depois, gera renda! e quantos não precisam complementar suas rendas! não por cobrar pelos passeios, que seria absurdo, essa coisa de privatizar a natureza tem que ser extinta. mas ecoturismo atrai aqueles que não conhecem as riquezas naturais dessa região, e essas pessoas precisam comer, se transportar, se alojar. se são gente de fora são sedentos por produtos da cultura local.. enfim, social e economicamente é muito viavel.

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